O MASSACRE NO MCDONALD'S NO ANO DE 1984 EM SAN YSIDRO

JAMES HUBERTY: MASSACRE NO MCDONALD’S “A sociedade teve a sua chance!” Chutando uma bola de futebol americano por volta das três horas e quarenta minutos da tarde do dia 18 de julho de 1984,...


 “A sociedade teve a sua chance!” Chutando uma bola de futebol americano por volta das três horas e quarenta minutos da tarde do dia 18 de julho de 1984, em San Diego, Califórnia, o garoto Armando Rodriguez, 11 anos, percebeu um Ford Mercury Marquis preto indo em direção ao estacionamento do McDonald’s do outro lado da rua. O homem que desceu daquele carro intrigou Armando. Vestindo uma calça militar e uma camisa escura, ele carregava uma bolsa. Dentro dela, uma metralhadora Uzi semi-automática 9 milímetros, um rifle Winchester calibre .12 e uma pistola Browning HP. Segundos depois, as pessoas que estavam dentro do McDonald’s escutariam um grito: “TODO MUNDO DEITADO!” Todos que estavam lá dentro obedeceram as ordens. O que o homem queria? Assaltar? Roubar? Não. Ele queria… matar! Sem dizer mais nenhuma palavra, o homem começou a atirar nas pessoas que estavam deitadas perto da porta. E continuou metodicamente atirando em todos que estavam lá dentro enquanto caminhava pelo estabelecimento. Maria Rivera, estava com sua família, dois filhos e o marido, Victor. Ao ver o homem disparando, abraçou seus dois filhos e viu seu marido virar para o homem e implorar para ele parar com aquilo. O atirador se virou para Victor e o atingiu com um tiro, Victor caiu no chão gritando. O homem foi em sua direção e gritou: “CALE A BOCA!”, e atirou de novo e de novo… 14 vezes. Jackie Reyes, uma jovem mãe de 18 anos, levou 48 tiros. Seu corpo já sem vida no chão contrastava com a de seu filho, Carlos Reyes, de apenas oito meses de idade. Ele estava vivo, envolto nos braços da mãe morta. Os sobreviventes que viram aquela cena nunca mais a esqueceriam: com uma pistola 9 milímetros na mão, o atirador mirou e matou o recém-nascido com um tiro nas costas. Pessoas agonizavam e o homem voltava em meio às poças de sangue para terminar o serviço. Algumas tentaram fugir e foram atingidas com tiros nas costas. Outras conseguiram sair daquele maldito inferno, mas o homem as perseguiu matando-as no estacionamento. Outras conseguiram fugir e se esconderam atrás de carros. Omar Hernandez, David Flores e Joshua Coleman, todos amigos de escola, e todos com 11 anos de idade, brincavam do lado de fora quando o massacre começou. Eles correram até suas bicicletas. Mas Omar Hernandez e David Flores caíram mortos. Joshua Coleman, fingindo-se de morto, escapou por um triz e pôde viver sua vida… casamento, filhos… Alicia Garcia cozinhava quando as balas começaram a ricochetear. Ela e outros dois cozinheiros correram por uma escada até uma sala nos fundos. Ela e outros funcionários do McDonalds conseguiram escapar. O primeiro carro da polícia chegou às 16 horas e 7 minutos. Imediatamente a polícia de San Diego pediu uma equipe da SWAT. “Mande a SWAT… mande TODO MUNDO!”, gritou pelo rádio um tenente de polícia ao ser recebido a tiros pelo atirador. Seis quarteirões ao redor do McDonald’s foram fechados. O que se seguiu a partir daí parecia sair de um filme de Hollywood. Durante uma hora e dezessete minutos o atirador e a polícia travaram um duelo digno de filmes de faroeste. Encurralado dentro do McDonald’s, o atirador em fúria assassina parecia aqueles vilões saídos dos nossos piores pesadelos. Quem seria esse louco? A sanguinária tarde do dia 18 de julho de 1984 só terminaria quando, às 17 horas e 7 minutos, um atirador de elite da SWAT mirou seu rifle Remington calibre .308 com mira telescópica bem no meio do peito do assassino em massa e acertou um tiro em seu coração. Mas a morte do assassino foi apenas o início da tragédia: 21 pessoas mortas e outras 19 feridas. A vítima mais jovem, Carlos Reyes, tinha apenas 8 meses de vida, já Miguel Ulloa, o mais velho, tinha 74 anos. Não havia dúvidas: aquele McDonald’s havia sido palco do pior assassinato em massa cometido por um indivíduo solitário em toda história americana até então. O chefe da polícia de San Diego, Bill Kolender, chamou o episódio de: “…a mais terrível coisa que eu já vi em minha vida e olha que eu já estou nesse negócio a 28 anos”. Passado o desespero e o terror, veio a famosa pergunta que sempre é feita após esse tipo de episódio e que até hoje ninguém nunca conseguiu responder. Por quê?




A proprietária da filial do McDonald’s é escoltada por um policial após o massacre. Créditos: Corbis.





Funcionárias do McDonald’s saem escoltadas após o massacre. Créditos: Corbis. 


A imagem que resumiu o massacre: Omar Hernanez 11 anos, morto ao lado de sua bicicleta. Créditos: Corbis.


Paramédicos prestam os primeiros socorros a Joshua Coleman, o amigo de Omar que fingiu-se de morto. Ao lado direito, o corpo estirado do seu amigo Omar Hernandez. Créditos: Corbis. 


Paramédicos entram com uma maca para dentro do McDonald’s passando por cima do corpo de Omar Hernandez. Créditos: Murderpedia.


Paramédicos tentam salvar uma vítima do massacre. Créditos: Criminalminds.


O Atirador

O local do crime é significativo: uma filial suburbana do McDonald’s. Esse típico símbolo norte-americano da família feliz e da satisfação material representava tudo pelo qual James Oliver Huberty tinha lutado tão duramente, e falhado tão miseravelmente, em conseguir.

Sua vida sempre fora dura. O primeiro grande problema pelo qual passou veio já aos três anos de idade quando contraiu poliomelite. A doença o fez ser um menino irritadiço, tinha fortes dores e sofria espasmos. Aos sete anos, James foi abandonado pela mãe, uma fanática religiosa que encontrara Deus e saíra em pregação pelos Estados Unidos, abandonando a família. James cresceria culpando Deus pelo abandono da mãe.

O menino solitário tinha como único amigo o seu cão Shep. Ao atingir a adolescência, começou a nutrir um fascínio extremo por armas. No ensino médio conheceu aquela que viria a ser sua esposa, Etna. Ambos se casaram em 1965, quando James tinha 23 anos. Formou-se em sociologia e recebeu uma licença para trabalhar como embalsamador em uma casa funerária. Mas não conseguiu seguir carreira. Segundo Don Williams, patrão de James:

“Ele era um bom embalsamador, mas simplesmente não se relacionava com as pessoas. Por isso era um ótimo embalsamador, pois, simplesmente, ele colocava sua máscara e ia lá para baixo ficar sozinho”.

Pouco tempo depois nasceram as duas filhas do casal e, durante os anos 70, eles pareceram viver felizes, apesar de James adotar um comportamento bastante arredio. Na frente da casa da família, uma placa advertia quem passasse: “Não ultrapasse!”

James trabalhava como soldador em uma metalúrgica e sua existência se resumia à família. Não conversava com mais ninguém tirando sua esposa e duas filhas. Quando interagia com outras pessoas era porque algo de ruim havia acontecido. Certa vez, um cão defecou em seu gramado. Ele não pensou duas vezes: pegou uma arma e foi atrás do animal para matá-lo. Foi dissuadido por um vizinho, mas sem antes bater boca com o mesmo. Outra vez, quando um vizinho reclamou que o Pastor Alemão de James arranhara seu carro, o estranho homem não disse nada. Voltou para casa e matou seu próprio animal de estimação com um tiro.

Mas não era apenas James que tinha comportamentos extremos. Sua mulher, Etna, também não era flor que se cheire. Por várias vezes arrumou confusão com vizinhos e a polícia local sempre brincava quando era chamada para verificar alguma ocorrência com o casal: “Os Hubertys novamente…”

O início da ruína para James Huberty ocorreu com as dificuldades econômicas vindas com a década de 1980. A fábrica onde trabalhava faliu e ele viu-se desempregado. Somente seis meses depois conseguiu uma nova ocupação, mas logo foi despedido. Foi quando ele começou a falar em coisas estranhas: suicídio e coisas piores.

Ele tentou o suicídio, mas foi salvo por Etna, que segurou o seu braço e travou o gatilho com os próprios dedos. “Quando eu voltei, ele estava sentado no sofá, chorando”, recorda sua esposa.

De acordo com um conhecido, foi por volta dessa época que James começou a expressar pensamentos assustadores: “Ele dizia que não tinha nenhuma razão para viver, que não tinha emprego nem nada. Dizia que se aquilo fosse o fim da linha e não pudesse mais sustentar a família levaria todo mundo com ele”, disse um ex-colega de trabalho, Terry Kelly.

Como muitos assassinos desequilibrados, James passou a culpar a sociedade por seu fracasso pessoal. Se ele não tinha emprego, isso era culpa de alguém. Em sua mente, ele começou a pensar sobre matar pessoas para vingar sua situação, e ele dizia isso abertamente aos mais próximos. “Atirar em alguém”.

Em setembro de 1983, ele sofreu um acidente de carro que agravou os danos remanescentes da poliomelite. Ele ficou com um constante tremor na mão. Quatro meses depois a família mudou para Tijuana, no México. Depois mudaram novamente para um subúrbio de San Diego. Huberty arranjou emprego como segurança, mas logo foi demitido. “…instabilidade geral… ele não exercia suas funções de forma adequada”, dizia o registro de sua demissão.

Sem emprego, sua família foi forçada a se mudar repetidas vezes, para apartamentos cada vez mais decadentes. James Huberty começava a entrar em parafuso.

Um dia antes de cometer um dos mais notórios assassinatos em massa da história dos Estados Unidos, James foi até uma clínica psiquiátrica. Erradamente, a recepcionista escreveu “Shouberty” no formulário de admissão. Eles disseram que ligariam de volta para James Huberty, mas essa ligação nunca seria feita.

“Se um psicólogo ou psiquiatra o tivesse atendido, eles poderiam ter-lhe dado algum medicamento”, disse posteriormente sua esposa Etna.

Um dia depois de ir até a clínica psiquiátrica, James Huberty saiu com sua esposa para pagar uma multa de trânsito. O casal almoçou no McDonald’s e visitaram o zoológico de San Diego. Resignado com a vida, James chegava ao fim da linha. “A sociedade teve a sua chance”, resmungou ele para sua esposa.

Voltaram para casa e quatro horas depois ele vestiu uma calça camuflada e uma camiseta preta. “Aonde você vai, meu bem?”, perguntou Etna. “Vou caçar seres humanos”, respondeu James.

Etna achou que aquilo fosse uma piada.

Ele dirigiu até um supermercado e depois até os Correios. Como um lobo, parecia farejar o melhor local para caçar suas presas. Considerando o McDonald’s um alvo melhor, ele desconsiderou as primeiras opções e partiu para cometer um dos piores ataques solitários da história americana. O massacre só parou quando um atirador da SWAT disparou acertando o sombrio coração de James Huberty.

Em luto pela tragédia, por uma semana inteira, o McDonald’s suspendeu toda publicidade da empresa. A Burger King, sua rival, também fez o mesmo.

Não havia álcool e nem drogas em seu corpo, mas um número elevado de chumbo e cádmio, provavelmente resultado de 14 anos trabalhando com soldagem.

Dois meses após o ataque o McDonald’s demoliu a loja de fast food e doou o terreno à cidade. Em 1986, Etna Huberty moveu um processo de U$ 5 milhões de dólares contra o McDonald’s e a Babcock and Wilcox (funerária que James havia trabalhado). Ela alegava que o glutamato monossódico presente na comida do primeiro e o ambiente de trabalho do segundo haviam causado delírios e uma incontrolável raiva em seu marido. Ela perdeu a ação.

Um memorial às vítimas foi construído em frente ao lote onde ocorreu o massacre. O memorial é constituído por 21 blocos hexagonais de granito. Velas e flores são sempre vistas no local.


O local do Massacre. 460 West San Ysidro Boulevard, San Diego, Califórnia, Estados Unidos. A prefeitura de San Diego construiu uma escola no local. À frente, os 21 blocos de granito representando cada uma das vítimas assassinadas pelo assassino em massa James Huberty. Créditos: Google Street View.
   
Assassinos em Massa – Análise

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Existem diferentes tipos de assassinos em massa. Os psicóticos em surto (descompensados), que estão “fora da realidade“ e apresentam uma ideia delirante, e os psicopatas, que apresentam uma sensação de grandiosidade e impulsividade. Psicopatas sabem exatamente o que estão fazendo, portanto, estão em plena lucidez. Claro que ambos são igualmente mortais, com o psicopata, geralmente, sendo o mais temido. Psicopatas que cometem crimes em massa planejam e fazem o seu melhor para atacar pessoas específicas ou aquelas que eles acreditam ser a causa dos seus fracassos. Isso significa que se você, de alguma forma, cometeu uma injustiça contra eles, então você é parte do cardápio.

Muitas vezes a prática de um crime está relacionada com a presença de psicopatologia, nomeadamente perturbações psicóticas ou perturbação anti-social da personalidade (psicopatia). No que diz respeito a um comportamento delituoso, a doença mental contribui, sem sombra de dúvidas, para a execução do crime. Considerando casos de um surto psicótico, onde o sujeito é afligido por delírios e alucinações, por exemplo, a esquizofrenia paranoide, que é o sub tipo mais comum da doença (onde ocorre a presença de ideias delirantes, tipicamente persecutórias e alucinações auditivas); a temática persecutória pode levar a uma predisposição do sujeito para o comportamento suicida e a combinação de ideias delirantes persecutórias pode predispor a atos de violência. E, se for comprovado que na altura em que o sujeito cometeu o crime ele estava em surto psicótico, o mesmo é considerado inimputável, ou seja, não pode ser responsabilizado por seus atos.

Já nos casos de psicopatia, o conceito de inimputabilidade não pode ser aplicado, uma vez que o psicopata sabe, em toda perfeição, o dano que está causando. Ele tem condições psíquicas e cognitivas para tal. A perturbação anti-social da personalidade tem como características essenciais o padrão de menosprezo, violação dos direitos dos outros e normas sociais; são manipuladores, agressivos, impulsivos, indiferentes quanto aos sentimentos alheios e livres de qualquer tipo de remorso ou arrependimento; são portadores de uma emocionalidade superficial e plástica, ou seja, conseguem simular reações emocionais, sem na verdade senti-las.

É evidente que não se pode fazer qualquer tipo de diagnóstico somente com base em análise de comportamentos isolados, entretanto, podemos considerar que Huberty encaixava-se em várias características de um psicopata, remetendo então para alguns fatos isolados, que foram evidenciados ao longo do texto, como de ter assassinado seu próprio cão, o que é por si uma grande demonstração de falta de afeto, a instabilidade em alguns empregos, culpabilizar a sociedade por seu fracasso, algo que também é típico. Um fator curioso foi a tentativa de suicídio, o que não é comum entre psicopatas, “sou bom demais para me matar”, porém, em algumas situações, isso efetivamente pode ocorrer, mas sempre em contextos muito pontuais como, por exemplo, fugir de uma detenção e mostrar que até o fim o controle é dele (veja Israel Keyes), ou então, quando já não consegue sustentar o seu estilo de vida, quando “perde a identidade“, a referência, sendo que dessa forma, poderíamos explicar a tentativa de suicídio de Huberty.

A diferença básica entre um assassino em série e um assassino em massa é que no segundo caso não ocorre o que chamamos de “período de resfriamento“ entre os crimes. O assassino em massa mata um grande número de vítimas em um único local, em um único contexto. Normalmente querem passar uma mensagem e querem ser reconhecidos, ataca o grupo que ele julga ser responsável por suas frustradas ambições.

Num mundo perfeito, a regra de ouro seria: se você ver algo, escancare. Se notar alguns sinais estranhos, notifique as autoridades. É claro que posso estar sendo utópico, mas é fato que muitos assassinos em massa só chegam aonde chegam por negligência daqueles que estão ao seu redor.

Um psicopata está totalmente em contato com a realidade e planeja cuidadosamente seus assassinatos. Eles sabem o que estão fazendo e fazem de tudo para inflingir o maior dano possível. Sem nenhum remorso, eles são livres para fazer o que quiserem. Assassinos em massa psicopatas costumam vingar o “mal” que supostamente foram perpetuados contra eles e ao mesmo tempo punir os responsáveis. Quando você olha para a motivação, você encontrará a vitimização como o cerne de sua raiva. Se é real ou imaginário, é preciso analisar, mas o assassino em massa psicopata acredita que, de alguma forma, ele foi arruinado. Alguns perderam suas carreiras, como James Huberty, outros terminaram relacionamentos. Alguns se sentem vitimados pelo governo, caso de Timothy McVeigh, já Eric Harris e Dylan Klebold, se sentiam vítimas dos garotos fortões e populares do colégio. Já Elliot Rodger sentia-se vítima das garotas loiras bonitas. Em geral, são pessoas que se sentem impotentes perante algo. Em suas mentes, eles estão arruinados, e pessoas arruinadas, são pessoas perigosas. Pense num animal ferido e encurralado. O que ele faz se sentir ameaçado? Ele se lança mesmo na dor e medo. Isso o deixa menos previsível e mais letal.

No mundo dos perfis, os especialistas costumam dizer que psicopatas são mais rastreáveis. Eles seguem padrões, e isso é algo presente no assassinato em massa. Psicopatas são muito meticulosos no planejamento dos seus crimes e os que cometem assassinatos em massa tem um cuidado especial para evitar a detecção (antes de perpetuar a barbárie, é claro). Eles sabem que podem facilmente entrar no radar, então eles tomam medidas para permanecer invisíveis. James Huberty poderia ter planejado seu crime ou foi algo impulsivo? Na literatura do crime, assassinos impulsivos tem outra designação, assassinos em massa tem como caráter impulsivo a facilidade de passar ao ato em si, e não aquele conceito do senso comum de impulsividade. Eles planejam cuidadosamente o ataque. Eles podem passar anos fantasiando um ataque em suas mentes. Que armas usar, que roupas vestir, que lugar atacar, tudo que vá de encontro à sua fantasia. E um ataque bem sucedido como o de James Huberty mostra que ele teve sim muito tempo para pensar. Assassinos em massa são como uma bomba-relógio, eles evitam o estouro o quanto podem, enquanto isso, fazem de tudo para esconder o que se passa em suas mentes, mas chega um momento em que bum!

É bem verdade que quando você odeia algo ou alguém, você quase que automaticamente mostra isso para todos. Podem ser pequeninas demonstrações de ódio, mas você mostra. No caso dos assassinos em massa, eles podem resmungar ideias violentas, fazer comentários sobre suas vontades e até mesmo ficar fora de si e ameaçar alguém. Mas quando eles chegam nesse limite, essas pessoas fingem que o fato só aconteceu porque ele estava em um dia “ruim“. Quando passa, eles podem fazer de tudo para tranquilizar aqueles que começam a suspeitar de suas ações. E eles são bastante eficazes em manter as pessoas que estão em volta caladas.

Então, parece óbvio os sinais que um futuro assassino em massa dá. O problema é que na maioria desses casos existem pessoas próximas que sabem sobre os planos desses assassinos, mas não dizem nada. Talvez por medo, ou como em muitos casos: negação. Um exemplo é uma mãe que recebe o diagnóstico de que seu filho, se não for tratado, poderá no futuro ser um assassino em massa. Acreditem, isso ocorre no mundo inteiro, e em quase cem por cento dos casos os pais negam o fato chamando o psicólogo ou psiquiatra de louco. Eles passam a mão na cabeça do filho, mesmo o menino, em casa, sendo um monstro. Alguém já viu o filme “Precisamos Falar Sobre Kevin?” É um fato comprovado, as pessoas que convivem com essas pessoas ficam em silêncio. É mais fácil não se envolver. A nossa sociedade tornou-se muito egoísta, e poucos, mas poucos mesmos colocam suas caras na tentativa de ajudar ou salvar alguém. Eles desviam seu olhar e isso acaba tornando-se devastador para todo mundo, porque pessoas desequilibradas e potencialmente homicidas ficam com seus caminhos livres para colocar em prática seus monstruosos pensamentos.

Uma pesquisa interessante com assassinos em massa foi feita pela criminóloga e especialista em traçar perfis criminais Deborah Schurman-Kauflin. Ela entrevistou homens que cometeram assassinatos em massa e que estavam no corredor da morte. Algumas citações interessantes desses homens, e que ela transcreveu em seu blog, foram:

“Você não vai viver enquanto eu viver”.

“Você foi longe demais, e agora você pagará”.

“Eu vou te machucar, e não há nada que você possa fazer a respeito”.

“Você não pode pensar que pode me matar e caminhar pelo pôr-do-sol”.

“Algumas pessoas merecem morrer”.

A partir dessas declarações podemos ver algo comum. O que está implícito nessas frases é: ”Vocês me machucaram tanto, então não há outra alternativa senão o assassinato”. É claro que eles querem que suas vítimas e o público sintam medo, afinal, quantos futuros assassinos não estão dizendo essas mesmas palavras em algum lugar do mundo neste exato momento? Isso não faz você ficar de cabelo em pé? Talvez você tenha ouvido alguém próximo dizer algo do tipo.

Nunca subestime o desejo de matar de alguém que está cheio de raiva e desespero. Quando você vê essas duas coisas juntas, fique alerta. Se você conhece alguém que pensa que não há futuro para sua vida e que ela não irá lhe dar mais nada, então há uma possível porta aberta para essa pessoa cometer algum tipo de ato violento. Ele não pode cometer um assassinato em massa, mas pode cometer suicídio ou enveredar por caminhos criminosos: assaltos, assassinato. Agora, para aqueles com alguma propensão para a psicopatia, raiva e desespero, muitas vezes, é igual a assassinato.

Muitas pessoas não entendem como alguém como James Huberty poderia cometer tal ato. Eles não são capazes de compreender o profundo ódio que preenche os corações negros dos assassinos em massa. Um caso como esse choca o público que, claro, não gasta o seu tempo sonhando em matar alguém. Mas se você tentar entrar na mente de um deles, talvez entenda. Ao contrário de você (eu espero), a todo momento e a cada minuto de suas vidas, esses homens estão focados em seus desejos desviantes. Como uma rotina, eles praticam mais e mais em suas mentes; pensamentos de como eles podem destruir o maior número de vidas possíveis. Eles vivem e respiram uma vingança inevitável, a qual é alimentada por uma raiva contínua. Eles se preparam e preparam cuidadosamente para o seu destino. É assim que eles funcionam. E sem exceções, todos assassinos em massa, em algum ponto da vida, descobrem que um dia eles matarão alguém. É como uma profecia em suas mentes.

Qualquer método que eles escolham para executar seus planos é extensivamente planejado. Eles vão até o local onde querem atacar. Uma vez lá, eles observam. Eles memorizam o comportamento das pessoas no local. Eles querem ver quem está lá e para onde vão. O que é normal nessa área? Eles precisam descobrir os padrões para que possam prever o comportamento de seus alvos. Se uma vítima tentar escapar por algum lugar, o assassino em massa saberá exatamente por qual rota de fuga ela poderá sair. Vocês acham que foi coincidência James Huberty almoçar no McDonald’s naquele 18 de julho? Provavelmente ele teve o mesmo comportamento visitando o dia anterior, o supermercado e os correios. E decidiu pelo McDonald’s.

Assassinos em massa, na grande maioria, usam armas, e muitas vezes, eles confessam a alguém o que irá fazer. Embora a ameaça seja séria, a maioria dos que escutam essas ideias acreditam que seja uma piada ou que a pessoa não seria capaz de fazer isso. O comportamento e suas palavras não são reportados. E o plano continua.

Homens como James Huberty poderiam ser detidos? Às vezes sim. Mas é difícil, mesmo com todos os indícios. Eles costumam manter o ódio do mundo dentro de si mesmos, mantêm até o momento que explodem. Antes disso, como já dito, mascaram seu comportamento e intenções.

Uma vez que a ação foi feita, o único arrependimento e não poder torturar suas vítimas e fazê-las sofrer mais. Se eles pudessem, eles as matariam duas, três vezes. Remorso é uma palavra que não existe para eles. A felicidade é matar o máximo possível. Muitas pessoas perguntam: Se eles sofrem tanto, por que eles simplesmente não se matam? Por que tirar tantas vidas?

Se você ainda se faz essa pergunta, então é porque você ainda não os entendeu. A questão gira em torno de trucidar o maior número de pessoas possíveis, destruí-los, assim como o assassino foi destruído, seja pela sociedade que nunca o enxergou, ou pelas mulheres que o largou, ou por uma outra razão qualquer. As vítimas são um reflexo das pessoas que o menosprezaram. Ele deve deixá-las estiradas em poças de sangue, numa posição inferior, ele, enfim, tem o poder. Os meios de comunicação todos vão em sua direção, filmar sua arte, as pessoas ficam chocadas. O medo se instala quando todos percebem que ninguém está seguro. Aí então sua missão está cumprida, e ele pode, enfim, encontrar o criador, dando um tiro na cabeça ou sendo morto pela polícia.

Pesquisadores tem usado tomografias, ressonâncias magnéticas e outros exames da cabeça para determinar que tipo de dano cerebral pode estar correlacionado a este tipo de comportamento violento. Desequilíbrios químicos e lesões no cérebro foram encontradas, no entanto, não existe ainda uma resposta, não há como prever com certeza absoluta se determinado indivíduo se tornará um assassino em massa, até porque esse tipo de assassino é como um coringa, muito difícil de aparecer. Além disso, e diferentemente do serial killer, ele atua num único evento.

Esses assassinos tem suas agendas e farão de tudo para executar sua fantasia. A destruição ocorrerá. A questão, simplesmente, é onde e quando. Ciência e pesquisa tem um papel importante, mas a melhor forma de parar os James Huberty’s da vida é incentivar e encorajar as pessoas que convivem com potenciais homicidas a mostrar a cara e, principalmente, falar. Os olhos e ouvidos das ruas ainda é a melhor arma para identificar o risco. Se você já ouviu algum tipo de ameaça, informe às autoridades. Não pense que a sua informação é insignificante. Você pode pensar que não pode fazer a diferença, mas no final, você pode ser a grande diferença. Imaginem se Terry Kelly tivesse levado as frases de seu colega de trabalho James Huberty a sério? É óbvio que eu sei muito bem onde piso. Vamos falar em Brasil. Você me pergunta: Do que adianta ir numa delegacia? Quiça num órgão de saúde? Centenas de mulheres denunciam violências do parceiro e nada é feito! Pior, muitas são assassinadas após fazer inúmeras queixas. A coisa parece funcionar apenas quando alguém leva um tiro. E isso é a grande verdade. De qualquer forma, esses assassinos estão por aí, apenas esperando a chance. Se você conhece alguém que planeja algo do tipo, não deixe que eles tenham essa oportunidade. Procure alguma autoridade, talvez, no seu caso, o sistema funcione.


Reportagem da revista Veja sobre o caso James Huberty. Compartilhado por: sist666trash.


Reportagem da revista Veja sobre o caso James Huberty. Compartilhado por: sist666trash.

Curiosidade sobre o caso James Huberty: Toda essa tragédia poderia ter sido evitada, pois uma testemunha viu James caminhando com duas armas pela San Ysidro Boulevard. A testemunha ligou para a polícia, mas a telefonista forneceu o endereço errado à viatura policial. Etna Huberty faleceu em julho de 2003 de câncer de mama.

Atenção! O vídeo a seguir contém cenas fortes.








Fonte: O Aprendiz Verde



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