Matéria Especial: A Vida e a Morte Trágica de Maritza Martin Muñoz
Em janeiro de 1993, a comunidade cubano-americana da Flórida foi abalada por um crime que chocou não apenas pelo seu desfecho brutal, mas também pelo local onde ocorreu: um cemitério. A vítima era Maritza Martin Muñoz, uma mulher cuja vida transitou entre o mundo do entretenimento e as sombras da violência doméstica.
Nascida em Havana, Cuba, em 29 de outubro de 1959, Maritza imigrou para os Estados Unidos ainda jovem. Na Flórida, onde muitos cubanos buscavam recomeçar suas vidas após a revolução, ela construiu uma trajetória discreta, mas marcante. Nos anos 1990, tornou-se conhecida por sua participação em produções de nicho do gênero *exploitation*, especialmente em documentários de horror como *Traces of Death*, *Faces of Death VIII* e *Death: The Ultimate Horror*. Nessas obras, que mesclavam imagens reais e encenadas para chocar o espectador, Maritza interpretava personagens que exploravam os limites entre o macabro e o cotidiano.
Contudo, fora das telas, sua realidade era muito mais sombria. Maritza havia se separado de seu marido, Emilio Nuñez, com quem tinha um relacionamento conturbado. Em 18 de janeiro de 1993, aos 33 anos, ela foi ao Cemitério Our Lady Queen of Heaven, em North Lauderdale, Flórida, para uma conversa aparentemente pacífica. O encontro, no entanto, terminou em tragédia. Diante de testemunhas, Emilio Nuñez sacou uma arma e atirou contra Maritza, matando-a no local.
O crime gerou grande repercussão na imprensa local. O fato de ter ocorrido em um cemitério — espaço tradicionalmente associado ao luto, respeito e silêncio — ampliou o simbolismo da violência e expôs, mais uma vez, a gravidade da violência doméstica, muitas vezes invisibilizada mesmo em sociedades com forte presença comunitária, como a cubano-americana na Flórida.
Maritza Martin Muñoz deixou um legado ambíguo: por um lado, foi uma figura marginal do cinema de horror underground; por outro, tornou-se símbolo de uma estatística trágica — mulheres que perdem a vida nas mãos de parceiros com quem já dividiram afeto. Seu corpo foi sepultado no próprio cemitério onde foi assassinada, em Broward County, fechando um ciclo doloroso.
Mais de três décadas depois, o nome de Maritza ressurge não apenas em fóruns de cinema de culto, mas também em discussões sobre segurança, gênero e justiça. Sua história é um lembrete de que a violência doméstica pode cruzar fronteiras, idiomas e classes — e que, muitas vezes, o lugar mais perigoso para uma mulher em situação de risco é justamente onde ela deveria se sentir segura: perto de quem já amou.
Foto de Yondra Munoz.







Na epoca, assisti em VHS o que falava e que o filho ou algo parecido tinha falecido e ele colocava a culpa nela, por isso a execucao..
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